A Secretaria Estadual de Educação do Rio não comentou os resultados. O diretor de Avaliação da Educação Básica do Ministério da Educação, Amaury Gremaud, reconheceu que o ensino privado, de forma geral, tem sido mais eficiente. “As escolas particulares selecionam seus alunos do ponto de vista financeiro e com seleções. É um público elitizado, com mais acesso a bens culturais e informação”, argumentou.
Gremaud destacou o fortalecimento de uma elite da rede pública com bom desempenho, concentrada em escolas técnicas e federais. “Comparando os melhores 150 mil alunos da rede pública com os melhores da particular, não há tanta diferença”, diz, alertando para a necessidade de cautela ao comparar edições diferentes do Enem, pois as provas têm diferente grau de dificuldade.
Atualização garantiu a nota 99,2 Campeã fluminense no Enem, a estudante Nicole Silveira Bruno, moradora de Pilares, completou o Ensino Médio no Colégio Bahiense do Méier. Toda a sua vida escolar foi em salas de aulas particulares, e ela ainda freqüentou o curso pré-vestibular do Bahiense no ano passado. Mas essa não é a única razão de Nicole ser uma aluna nota 10. Prova disso é que ela tirou 99,2 no Enem 2007, enquanto a média de sua escola foi 31 pontos menor. A receita para um boletim campeão não é segredo. “Não adianta se achar inteligente. É preciso se atualizar. Dedicação é importante”, ensina ela, que passou em 4º lugar para Medicina na UniRio e 64º na UFRJ, onde estudará a partir de julho.Nicole conta que nunca gostou muito de sair à noite, mas no período em que se preparou para o vestibular o esforço foi intensificado. “Fiz curso e estudava em casa para as provas. Eu tinha um plano de estudo. No vestibular, é preciso fazer sacrifícios”, disse a futura médica, orgulho do pai, comerciante, e da mãe, dona-de-casa. “Penso em fazer Cirurgia, mas ainda é cedo para decidir. Estou descansando, pois 2007 foi um ano difícil”.
Desempenho ruim da rede estadual
Apenas um colégio da rede estadual de Educação está na lista das 20 melhores escolas públicas do Rio de Janeiro, o Colégio Professor Horácio Macedo, em Maria da Graça, Zona Norte. Mesmo assim, a unidade — única no estado que alcançou a pontuação máxima em quatro anos consecutivos de aplicação do Programa Nova Escola, que avaliou, até 2006, o desempenho da rede pública estadual — ocupa o 19º lugar no ranking das escolas fluminenses gratuitas.
As outras da lista são uma escola técnica da Faetec, o Colégio de Aplicação da Uerj, ambas vinculadas à Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia do Rio, e 17 unidades federais.
De todas as redes, a estadual foi menos a bem-sucedida no Enem. No Estado do Rio de Janeiro, a média da estadual foi de 47,82; a federal foi de 71,532, as redes municipais obtiveram média de 51,223 e os colégios particulares chegaram à nota 64,065. A Secretaria Estadual de Educação afirmou que está analisando os resultados do Enem e que mapeará as escolas e suas médias para, só então, se pronunciar sobre o assunto.
Provão toda sexta-feira e quadro digital
Primeiro entre os públicos do estado, quinto colocado se incluídos os particulares e 13º no ranking nacional, o Colégio de Aplicação da UFRJ comemora 60 anos em 20 de maio sem sede própria: desde 1962, funciona em prédio cedido pelo município, na Lagoa. Mesmo assim — e sem ensino direcionado para o Enem —, a escola tem bons resultados. Para estudantes e mestres, as notas são conseqüência do método em que alunos são agentes da própria educação.
“Os professores discutem com a gente para saber se o conteúdo é de interesse da turma”, conta Caio Lo Bianco, 15. A professora de Português Cristiane Mabanelo diz que a participação de alunos é o diferencial do CAp.
Destaque do Enem, a escola Moderna Organização Pedagógica Infantil (Mopi), Tijuca, foi a terceira melhor média nacional no Enem, com 79,66. A diretora Regina Canedo diz que a turma responsável pela boa colocação foi a primeira formada quase só por alunos que estão lá desde o maternal. “É o resultado de um processo gradual com os alunos”.
Na Mopi, todas as salas são equipadas com e-board, um quadro-negro digital com acesso à Internet. E toda sexta-feira, os alunos são submetidos a um provão de quatro horas de duração. Para as famílias que querem um filho nota 10, o resultado também exige investimento: em torno de R$ 1.300 mensais. Primeiro do ranking brasileiro, o Colégio São Bento cobra R$ 1.500.
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