sábado, 5 de abril de 2008

Carioca tira 2º lugar no Enem, que este ano teve médias melhores

Rio - Primeiro lugar no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2007 no Estado do Rio e segunda melhor no ranking nacional, a carioca Nicole Silveira Bruno, 18 anos, que estudou a vida inteira em colégios particulares, é o retrato da educação brasileira. No País e no Rio, apesar da melhora geral nos resultados, aumentou o abismo entre o ensino privado e o público. No estado, a diferença entre as médias das duas redes foi de 15,7 pontos: colégios pagos tiraram nota 64,06 e gratuitos, 48,35. No ano anterior, o contraste era de 11,2 pontos.
A Secretaria Estadual de Educação do Rio não comentou os resultados. O diretor de Avaliação da Educação Básica do Ministério da Educação, Amaury Gremaud, reconheceu que o ensino privado, de forma geral, tem sido mais eficiente. “As escolas particulares selecionam seus alunos do ponto de vista financeiro e com seleções. É um público elitizado, com mais acesso a bens culturais e informação”, argumentou.
Gremaud destacou o fortalecimento de uma elite da rede pública com bom desempenho, concentrada em escolas técnicas e federais. “Comparando os melhores 150 mil alunos da rede pública com os melhores da particular, não há tanta diferença”, diz, alertando para a necessidade de cautela ao comparar edições diferentes do Enem, pois as provas têm diferente grau de dificuldade.
Atualização garantiu a nota 99,2 Campeã fluminense no Enem, a estudante Nicole Silveira Bruno, moradora de Pilares, completou o Ensino Médio no Colégio Bahiense do Méier. Toda a sua vida escolar foi em salas de aulas particulares, e ela ainda freqüentou o curso pré-vestibular do Bahiense no ano passado. Mas essa não é a única razão de Nicole ser uma aluna nota 10. Prova disso é que ela tirou 99,2 no Enem 2007, enquanto a média de sua escola foi 31 pontos menor. A receita para um boletim campeão não é segredo. “Não adianta se achar inteligente. É preciso se atualizar. Dedicação é importante”, ensina ela, que passou em 4º lugar para Medicina na UniRio e 64º na UFRJ, onde estudará a partir de julho.Nicole conta que nunca gostou muito de sair à noite, mas no período em que se preparou para o vestibular o esforço foi intensificado. “Fiz curso e estudava em casa para as provas. Eu tinha um plano de estudo. No vestibular, é preciso fazer sacrifícios”, disse a futura médica, orgulho do pai, comerciante, e da mãe, dona-de-casa. “Penso em fazer Cirurgia, mas ainda é cedo para decidir. Estou descansando, pois 2007 foi um ano difícil”.

Desempenho ruim da rede estadual

Consulte a nota da sua escola



Apenas um colégio da rede estadual de Educação está na lista das 20 melhores escolas públicas do Rio de Janeiro, o Colégio Professor Horácio Macedo, em Maria da Graça, Zona Norte. Mesmo assim, a unidade — única no estado que alcançou a pontuação máxima em quatro anos consecutivos de aplicação do Programa Nova Escola, que avaliou, até 2006, o desempenho da rede pública estadual — ocupa o 19º lugar no ranking das escolas fluminenses gratuitas.
As outras da lista são uma escola técnica da Faetec, o Colégio de Aplicação da Uerj, ambas vinculadas à Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia do Rio, e 17 unidades federais.
De todas as redes, a estadual foi menos a bem-sucedida no Enem. No Estado do Rio de Janeiro, a média da estadual foi de 47,82; a federal foi de 71,532, as redes municipais obtiveram média de 51,223 e os colégios particulares chegaram à nota 64,065. A Secretaria Estadual de Educação afirmou que está analisando os resultados do Enem e que mapeará as escolas e suas médias para, só então, se pronunciar sobre o assunto.
Provão toda sexta-feira e quadro digital
Primeiro entre os públicos do estado, quinto colocado se incluídos os particulares e 13º no ranking nacional, o Colégio de Aplicação da UFRJ comemora 60 anos em 20 de maio sem sede própria: desde 1962, funciona em prédio cedido pelo município, na Lagoa. Mesmo assim — e sem ensino direcionado para o Enem —, a escola tem bons resultados. Para estudantes e mestres, as notas são conseqüência do método em que alunos são agentes da própria educação.
“Os professores discutem com a gente para saber se o conteúdo é de interesse da turma”, conta Caio Lo Bianco, 15. A professora de Português Cristiane Mabanelo diz que a participação de alunos é o diferencial do CAp.
Destaque do Enem, a escola Moderna Organização Pedagógica Infantil (Mopi), Tijuca, foi a terceira melhor média nacional no Enem, com 79,66. A diretora Regina Canedo diz que a turma responsável pela boa colocação foi a primeira formada quase só por alunos que estão lá desde o maternal. “É o resultado de um processo gradual com os alunos”.
Na Mopi, todas as salas são equipadas com e-board, um quadro-negro digital com acesso à Internet. E toda sexta-feira, os alunos são submetidos a um provão de quatro horas de duração. Para as famílias que querem um filho nota 10, o resultado também exige investimento: em torno de R$ 1.300 mensais. Primeiro do ranking brasileiro, o Colégio São Bento cobra R$ 1.500.

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